domingo, 5 de outubro de 2008

E foi dada a largada.

No meu último post decente, eu dizia o quanto estava ansiosa pela "bandeirada da largada". E eis que acontece. E eu começo a ter um medo que não tinha sentido antes.

Minha família sempre se mudou. Mudança de cidade e de casa, nunca foi, exatamente, um problema pra mim. Eu nasci em Brasília, onde morei muito pouco, extamente 5 anos e meio, em toda minha vida. Os outros 19 anos e meio eu morei em Salvador. E foi lá que eu descobri de onde pertencia.

Eu pertenço a Bahia, ponto. É lá que eu gosto de me sentir alguma coisa. Eu não me sinto candanga (descobri há pouco tempo que os brasilienses se ofendem quando são chamados de "candangos"; engraçada essas coisas de Brasília. Achei aqui na " Desciclopédia" um resumo do que é "ser candango" para os brasilienses: http://desciclo.pedia.ws/wiki/Candango. Definitivamente, uma ofensa. Fiquei impressionada com a parte: "acham que falar que nem bandido é ser alguém na vida. Basta procurar em supermercados e lojas de 5ª categoria que você irá encontrar tais seres em seus futuros empregos de empacotador, faxineiro, lixeiro e etc... ". Depois de tudo isso, eu não vou nem entrar no mérito de explicar que candango era o nome designado aos nordestinos que trabalharam na construção de Brasília e que, curiosamente, o troféu dado aos vencedores do Festival de Cinema Brasileiro de Brasília tem por nome Candango. Eu não me sinto candanga - falando como algo positivo - e, depois disso, muito menos brasiliense). Eu me sinto baiana. Sinto como se tivesse nascido e nunca tivesse saído de Salvador. Gosto do meu sotaque, ainda que ele não seja tão arrastado como eu gostaria. Gosto de me sentir pertencente àquele lugar.

Achei que isso era apenas um sentimento, interno, que tinha pouca interferência na minha vida prática. E de fato, não tinha muita. Mas agora, como num passe de mágica, apertaram um botão e isso tem tido um importância enorme.

Agora que vou embora da terra que sinto minha, estou quase sem querer, procurando todas as grandes referências que tenho dela e reforçando, colhendo e estocando no meu bunker de baianidade. E fico pensando em que momentos eu terei que acioná-lo a partir de agora. É tudo tão legítimo que fazem parte dessas referências todas as coisas ruins também, mas não menos importantes.

Nem saí ainda, mas fico pensando nos cheiros que sentirei quando voltar, nas letras, nos números, nas palavras; da possibilidade de saber em que prédio alguém mora pela cor e nome; de comprar beijú e marisco, facilmente, no supermercado; de poder pedir pão cassetinho na padaria e o padeiro me entender sem pensamentos dúbios; de entrar pelo ônibus pela porta de trás e sair na da frente; chamar o semáforo de sinaleira, saber o que é sargaço e pegar fila no Ferry. Tantas coisas sutis e tão intrínsecamente conectadas que me fazem acreditar que todas elas nunca sairão de mim. Rezo para que nunca saiam, pois elas também fazem de mim quem sou.

Estou animada pela possibilidade de viver novas coisas, descobrir novas referências, viver uma nova cidade e aumentar o meu currículo. Haha. Mas confesso que estou mais ansiosa ainda com a possibilidade de reforçar as minhas raízes, como os cabelos de Sansão; mostrar quem sou mostrando de onde vim.

Fico com medo da falta que sentirei do cotidiano com meus amigos, com a minha família. Mas também sei que eles estão dentro de mim e são parte importantíssima desse quebra-cabeças. Pensando bem, eles são exatamente a cola do quebra-cabeça; são eles que me ensinam a reconhecer o que é meu, quem sou, de onde vim. E tenho medo de dizer "tchau, vou ali e já volto", porque esse "já volto", pode não acontecer num tempo que espero. Mas é sabendo que vou voltar, que faz com que um pedaço de mim nunca saia. Mas o "tchau" é duro e a sensação de um pedaço arrancado, dói.

Tudo isso quis sair assim, hoje, depois que li uma reportagem sobre Dorival Caymmi, esse baiano que viveu os seus últimos 70 anos no Rio de Janeiro, mas sempre foi uma referência para e da Bahia. E assim ele permanece. A última frase da reportagem ficou ecoando em mim: "morre-se um pouco cada vez que dizemos 'adeus' , de Cole Porter". Não me importo de morrer um pouco, porque fazemos isso todos os dias; morremos para re-nascer, re-novar, re-viver; pra dar espaço para o que ainda vai nascer. É preciso que se morra, pra saber o que é seu, tudo aquilo que é imortal e protegido da "morte do adeus".

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Ganhei mais um selinho!

Dessa vez veio para o Bobs e foi a Patty quem me deu!

Obrigada!

Amanhã, vai rolar post por aqui!

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Mudanças

Enche caixa, joga fora, tira, bota.

Embala, desembala.

Mudar de cidade sempre fez parte da minha vida. Nasci ali, me mudei pra lá, vim pra cá. Passou a ser uma coisa normal, prática na nossa família. Havia algum sofrimento, aquele intrínseco, mas só. Havia o medo, daquilo que não sabemos. Mas rapidamente o dia-a-dia na nova cidade passava a ser cotidiano.


Depois eu fiquei, decidi onde seria o meu lugar. E aqui ele foi até hoje. E hoje, 11 anos depois, estou me preparando para ir pra outro lugar. Animada, curiosa, empolgada, com mala, cuia, marido e cachorro. Meio enferrujada, com mais medo e muito, mas muito mais animação. Tanta, que eu me atropelo e atropelo quem vier pela frente. Cheia de bagagem.


E assim vou gastando meus freios todos, me segurando e esperando ansiosamente pela bandeirada da largada.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

The first one




Sei lá desde quando eu fiz esse blog aqui para migrar os post todos do Loveblog carnição pra cá.

No meio do caminho, eu fiquei com uma preguiça tremenda e precisei ficar com raiva de um puto que tentou furar a fila NA DESGRAÇA DA MINHA FRENTE no mercado hoje pra querer chegar em casa e fazer isso. Nem me pergunte porque, mas depois disso eu precisei de movimentos mecânicos. Pra completar, Henrique chega aqui há 2 minutos atrás me pedindo pra entrar no usuário dele, pra sair do msn dele, pra poder ele logar no msn dele lá no desktop da sala. A porra, viu?!

Bem, aqui estou eu fazendo um post relâmpago de boas-vindas. As boas-vindas mais mau-humorada da face da terra mas, se assim não o fosse, assim não seria eu.

Os posts seguintes são todos os que fiz, desde o primeiro, na minha vida, portanto, não estranhem algumas coisas, já que eles são indóceis e não obedecem a coisas como ordens cronológico-temporais; eles apenas não poderiam ser abandonados lá e agora se mudaram para cá.... e sejam compreensivos, a Florinda acorda agora, de um sono faraônico de meses e nem botou os bobs direito.


Sejam bem vindos.

Menino contra menina. Ou à favor?



Eu sempre tive mais afinidades com homens do que com mulheres. Para os engraçadinhos de plantão, não, isso não diz respeito somente aos aspectos sexuais e amorosos. Eu sempre tive mais amigOs do que amigAs.


Quando pequena eu tinha pouca paciência para brincar de boneca e menos paciência ainda para ficar trocando os sapatos das bonecas, roupas e equilibrando aqueles micro copinhos e talheres nas mini mesas dentro das mini casas. Meu grande sonho de menina talvez tenha sido o Castelo da She-Ra, que felizmente ganhei, mas para infelicidade de minha mãe, me seduziu por muito pouco tempo. Mas o Castelo do He-Man de meu primo, noooosssa, me super seduzia! Era maior, aparentava ser mais poderoso... e era mais tosco mesmo.


Apesar de ter tido sempre muito cuidado com os meus brinquedos – eu tenho até hoje a ambulância do Doutor Saratudo completa! – eu gostava mesmo dos brinquedos de menino. Meu grande sonho de criança – porque o de menina eu já tinha realizado com o Castelo da She-Ra – era ter um Ferrorama (pra quem não sabe, aquela versão do Autorama, em trenzinho, com tudo que se tem direito, semáforo, cruzamento, ponte.. ai ai ai)!!! Nunca tive... Mas depois de anos com esse sonho adormecido dentro de mim, eis que chego na casa de minha sogra e vejo o Ferrorama do meu marido lá, lindo, todo encaixotadinho... Ah, e se é do marido é meu também, né? Ainda não botamos ele pra funcionar novamente, mas esse dia há de chegar.


Na infância eu não tive muitos problemas com as minhas preferências lúdicas. Minha mãe sim, travava uma guerra na hora botar uma meia calça, um vestidinho (eca!) rosa (eca eca!) com um lacinho lateral (mil vezes eca!). Eu amo azul, sempre amei, mas meu quarto era rosa, porque terminei herdando ele de minha irmã mais velha e cor de herança não se discute. Mas assim que tive uma oportunidade (e poder de decisão) pintei meu quarto de azul.


Na adolescência, acho que tive mais problemas. Primeiro porque eu demorava para me aproximar das meninas, mas não dos meninos, o que os assustava um pouco e ainda fazia com que as meninas me achassem uma assanhada. Depois que eu sempre xinguei muito (na rua, óbvio, em casa, jamais!) e sempre briguei muito com todo mundo. Ou seja, nem dos meninos eu tinha a simpatia que eu queria... Demorei um pouco pra achar o meio termo, mas terminei achando... Espero eu!


Minha mãe (mais uma vez) que sofria... Eu não queria usar saia, nem vestido, muito menos o cinto combinando com o sapato... sapato?? Nãããão, meus caros: TÊNIS, por favor. E de camurça verde (gente, era exatamente esse verde!). Tenho boas e velhas amigas, mas amigas, amigas mesmo, daquelas da gente não vive sem, ah, essas são sempre meio toscas, sem muita frescurite, iguais a mim (meninas, não se ofendam!!! Isso é um elogio!) e são poucas. E hoje eu não vivo sem um vestidinho, e amooooo sapatos. Não combinando com o cinto, mas combinando com a bolsa sempre! Pra minha mãe ver alguma coisa dando certo, né? ;D


Hoje em dia eu tenho muito pouco problema em relação a isso. Os meu amigos, são cada vez mais amigos e mais próximos, se é que isso é possível! E aumentam mais! É muito engraçado como eu me torno amiga dos amigos de Henrique rapidamente! Eles me adoram, eu amo todos eles! São mega divertidos e não se importam com o fato de eu ser uma mulher no meio deles: sempre dizem o que pensam sobre tudo e, inclusive, me contam com detalhes sórdidos. O que nem sempre é legal, lógico, mas mesmo assim eu me sinto uma privilegiada. Sou uma mulher que participa muito bem do universo masculino.


Ainda bem, eu e Henrique sempre convivemos muito bem com essa minha característica. Aliás, isso facilita porque curtimos muito os programas sejam eles “masculinos” ou não. Obviamente Henrique tem lá o momento dele com os amigos dele e eu com as minhas amigas/amigos. E quanto a isso não há divergências e ponto final.


No sábado foi o chá de cozinha de um amigo nosso. É engraçado que agora percebemos de forma gritante o quanto somos adiantados: nós já temos 3 anos de casados e agora é que os nossos amigos estão casando! Ahahaha Engraçado demais...


Pois bem. No sábado houve um encontro muuuuito legal dos amigos, velhos amigos, que há muito não se viam. Histórias igualmente velhas e cabeludas (apesar de alguns já estarem perdendo os cabelos), que todos sabemos de cor, foram contadas pela enésima vez, como se fosse a primeira. E produziu risadas como se fossem as primeiras, também. Alguns de nós não nos víamos há anos, sei lá quantos! E só faltaram dois pra completar a galera Old School (algo como Velha Guarda, numa tradução livre) como costumamos – e gostamos – de chamar. Foi bom, muito bom!! Eu sei é que o chá de cozinha foi até meia noite, terminando sob o protesto de alguns mais exaltados.


Durante muito tempo, nesse grupo, eu fui a única menina/ mulher. E era muito bom! Nunca fui tratada diferente, com mais regalias ou menos respeito por isso. Éramos todos iguais. Bem, a gente vai crescendo, começando a trabalhar, faculdade, as coisas vão mudando, cometemos alguns erros com uns, somos magoados por outros, novos amigos vão surgindo e terminamos nos afastando. Mas nunca deixamos de existir nas nossas memórias. E ontem foi a prova disso.


Não somos os mesmos, nem sei se será possível resgatar a mesma amizade de antes afinal, 12 anos , pra uns de nós 16 anos já se passaram e o tempo não perdoa. Mas no sábado, por algumas horas, fomos todos iguais novamente. Nem meninos, nem meninas. Somente grande e velhos amigos.


Reza lenda, que no sábado que vem todos nos encontraremos novamente, na casa de minha sogra, um reduto dos velhos tempos. Não sei se realmente vai rolar. Torço que sim, mas independente de acontecer - senão nesse sábado de Aleluia, talvez num próximo sábado qualquer - tivemos um sopro muito vivo que reacendeu a chama dos velhos tempos, da velha Old School, com o perdão da (necessária) redundância.



Um beijo para todos os amigos, sejam eles novos ou velhos...


Burocracias



Ok. A vida é feita de burocracias. Pra nascer é uma burocracia, pra crescer outra, pra envelhecer então, nem se fala. Até pra morrer, dependendo do caso, rola uma burocracia forte; pro moribundo e principalmente para a família do coitado.


Mas me diga se há alguma coisa mais burocrática no mundo do que ir a um cartório? É burocracia da fila para pegar as senhas até, enfim, conseguir o que você deseja. Ou não conseguir, como foi o meu caso.


Já é um porre ter que entrar com um processo contra alguém. Essa situação já prescinde que a coisa – qualquer que seja ela – não pôde ser feita de uma forma amigável, ou no famoso “de boca”. Quando se entra com um processo contra alguém , já ta rolando um estresse fenomenal e você já vai preparado para enfrentar mais alguns por sabe-se lá quantos pares de meses.


Bem, lá fui eu na quarta feira tirar 720 cópias (isso mesmo)  de vários documentos importantes e originais para levar ao cartório (ontem e hoje), pra depois entregar ao advogado as cópias autenticadas (porque entregar o original não é legal; afinal pode perder, roubarem, molhar, cair café, qualquer coisa e aí é mais um século pra conseguir outro igual). Primeiro isso de tirar 720 cópias. Surreal. Levando em consideração que eu passei a minha faculdade inteira tirando cópias e gastando, quando muito, 3, 4 reais, realmente, eu fiquei assustada em ter que dar 57,88 reais pro moço da Xerox.


Beleza. Cópias tiradas, devidamente organizadas em pastinhas, tudo certo, certo? Errado. Eu por alguma sandice dessa minha cabeça fui animadamente dirigindo meu carro em direção ao cartório do Shopping Sumaré. Ele é meu companheiro de tempos, pois foi lá que eu abri a minha primeira firma. Aliás, que nem deve valer mais, por que a minha assinatura mudou totalmente. Comentário rápido: nem me lembro mais porque tive que abrir essa firma, mas isso existiu em algum momento da minha juventude.


Lá, o cartório só funciona a partir das 14h. E são poucas senhas distribuídas. Como ainda era final da manhã, fui pra lá (como eu e minha irmã fizemos durante um período de muitas idas ao cartório) e almoçaria por lá mesmo, assistiria uma tevêzinha básica na pracinha de alimentação, pegaria minha senha, autenticaria meu mar de papéis e iria pra casa me sentindo útil. Ledo engano.


Pra começar, como aqui em Salvador não temos horário de verão, a programação passa uma falsa impressão das horas. Resumo: eu estava assistindo Jornal Hoje achando que já era uma, uma e pouco e que nada! Meio dia ainda... Mas beleza, terminei de assistir o jornal, Vídeo Show, Coração de Estudante e pronto: o cartório abriu. Massa! A minha senha era uma das primeiras, então ia me liberar rápido.


Quando finalmente me chamaram, eu levei minha sacola de papéis (sim, eles estavam numa big sacola plástica) e despejei com delicadeza no balcão da moça com um simpático “Boa Tarde” que não foi respondido de maneira compreensível. Tudo bem, eu não estava nem um pouco sensível e queria sair dali o mais rápido possível. Eis que se trava o seguinte diálogo:


Moça do Cartório: ok. Me dê as 30.


Zezé: Na verdade são 720...


MC: Eu ouvi. Mas estou lhe pedindo as 30. (com irritação)


Z: A senhora quer de 30 em 30? (eu já preocupada com o sistema de organização que eu tinha levado 1 hora pra desenvolver...)


MC: Não meu amor, (uma facada no meu rim), eu estou LHE dizendo para você me entregar as 30 páginas para mim (segunda facada, no baço) autenticar.


Z: E eu estou LHE dizendo que além dessas, tem mais 690 pra você fazer a mesma coisa. (com muita irritação)


MC: Só que cada pessoa só pode autenticar 30 por dia.


Z: Como? (Numa conta rápida, que nem eu acreditei que eu fiz) Você está me dizendo que eu preciso levar 24 dias para autenticar a documentação que eu preciso?


MC: Leva isso tudo é? Vixe....


Z: Sim. Mas isso é só aqui ou em qualquer um?


MC: (A segunda melhor resposta do dia acompanhada de um sorrisinho irônico) Não sei... eu só trabalho aqui.


Z: (A MELHOR resposta do dia, com um sorrisinho mais irônico ainda) Ah tá, achei que a senhora trabalhasse no circo também, apresentando um número de Palhaçada.


Virei de costas e saí, que eu não ia ficar pra ouvir a tréplica dela, óbvio. Fui pra casa com a idéia de procurar outro cartório, mas fiquei achando que se eu recebesse mais algum sorrisinho irônico naquela tarde, eu ia começar a rezar para uma nova aorta milagrosamente brotar em mim, a fim de suportar o fluxo sanguíneo que certamente se direcionaria à minha cabeça e, como eu rezo muito pouco, terminei desistindo.


Hoje de manhã, peguei meu pai na casa dele e fui a outro cartório no Shopping Pituba Parque Center, pertinho de nossas casas, certa de que o problema era daquela mulher e não meu. Além dos documentos serem dele e para ele, (no dia anterior eu deixei ele em casa para poupá-lo do saco) meu pai já pega fila exclusiva de idosos, o que aumentaria a rapidez do processo. Não, eu não costumo fazer isso; apesar de muitas pessoas confundirem meu pançume com uma gravidez, eu não uso esse subterfúgio vil e feio. Mas pelo amor de deus, as minhas boas ações semanais já tinham acabado por ontem. Lá fomos pegar nossa fila enoooooorme exclusiva.


Na nossa vez o singelo senhor autenticador (não sei o cargo dele de verdade, mas é essa a função) que faz tudo muito “educadamente”, virou para nós e pediu que aguardássemos um instantinho que ele ia ali tirar a água do joelho. Ok, mais informações do que eu precisava. Depois de quase 10 minutos, ele volta e me pergunta o que queremos. Meu pai diz o que é. O inicio do fim....


O senhor “gentil” e “educado” primeiro disse a meu pai que a fila exclusiva deveria andar rápido (porque afinal de contas ele leva 10 minutos no banheiro e precisa compensar o tempo!) e não podia fazer isso. Segundo, deu uma olhada demorada pra mim e disse a meu pai que a documentação deveria ser da pessoa que estava na fila, gentilmente sugerindo que meu pai estava na fila por minha causa. Ah, nessa hora eu pirei geral! Fiquei possessa e despejei minha raiva da mulher do outro dia e dele, nele. Disse que era um absurdo, que não era possível que uma pessoa não conseguisse fazer uma coisa tão simples!! Foi aí que ele confirmou o que a mulher do outro cartório tinha dito (o babdo das 30 cópias) e que se eu quisesse, eu desse meu jeito. A essa altura, meu pai estava calmamente tirando a identidade da carteira para comprovar que os documentos eram dele e eu tentando arrastar meu pai dali ao berros.


[Aqui em casa a gente não xinga na frente dos nossos pais, crescemos assim. Mas hoje meu pai teve o desprazer de me ver xingar coisas que eu nem sei se ele sabe o que é.]


Bem, enquanto eu estava no auge da minha fúria, olhei rapidamente para cima do balcão e vi um papel escrito dizendo que, resumidamente, segundo o artigo tal, parágrafo tal desacato (xingar, agressão física e outras mais) ao funcionário público (o senhor “simpático", no caso) dava multa e cadeia na hora. Foi então que eu me lembrei ter visto quando chegamos que, lá no cantinho, no fundo do cartório estava um PM. Tá. Fiquei tensa. Mas aí eu fiquei com medo de verdade quando resolvi olhar pro PM e ele tava me olhando fixamente!!! Aí eu me desesperei total e sai (literalmente) empurrando meu pai dalí, que ainda estava tentando convencer o moço lá de que eram deles os documentos. Meu pai é mesmo um cara pacífico e naquele momento o que mais importava para ele era a integridade cidadã dele. E eu desesperada com medo de ser presa!!!!!!


 

Finalmente cheguei no carro suando igual a uma porca, com uma raiva danada e sem saber o que fazer. Porque o juiz quer as coisas bonitinhas para olhar, maaaaaaasssss.... quer dizer que pra isso eu vou ter ficar 24 dias caminhando a um cartório (novo, é claro, porque eu não sou nem besta de voltar nesses dois)??? Tensa total. Ainda não descobri exatamente o que fazer.


Fim do dia: minha cabeça está aqui explodindo desde aquela hora; fato esse que comprova a minha teoria que aortas milagrosas não brotam em corpos pagãos como o meu....


ps: a imagem que eu botei ali em cima, foi uma ironia, ok pessoas?


Zezé    


Comemorações e climão de fim de ano



Não, eu não gosto de Natal. Eu adoro a decoração de Natal, adoro ver minha casa cheia de coisas douradas, verdes, vermelhas, papais-noéis (sim, eu consultei um dicionário para flexionar esse plural) e bonecos de neve (ainda que eles não sejam viáveis para nós, brasileiros, menos ainda no Nordeste, eles são fofinhos e tem uma carinha safada que eu simpatizo).


No primeiro Natal na nossa (minha) casa foi uma mobilização total! Começamos a arrumar tudo no início de dezembro e só tiramos depois do Carnaval. Nada de desarrumar no dia de Reis. Tava tão lindo que eu queria ficar com e decoração pra sempre. Mas eu não gosto da Noite de Natal. Minha família é muito pequena e o resto que poderia agregar volume, mora em outro estado. Então éramos sempre meus pais, eu, minha irmã e pronto. Eu, quando criança, ficava toda empolgada como presente na manhã seguinte, com o esquemão todo da chegada do Papai Noel, mas não gostava da véspera, era meio triste, sei lá.

E esse sentimento perdura até hoje. Adoro arrumar a casa, comprar os presentes, ver minha mini árvore toda linda lá, acesona, adora ficar cozinhando as coisas junto com Henrique e receber as eventuais visitas, maaaaaaasssss... Não gosto DO Natal. Também não me mobiliza em nada todo sentido católico apostólico romano do Natal (minha mãe que não me leia), ou seja, nem isso sobra. Enfim, curto o momento com restrições.

Já o Ano Novo.... aí é outra história. Eu AMO ANO NOVO! Adoro aquela insanidade que rola na cidade, todo mundo se arrumando para receber o novo ano, aquele mar de gente de branco, comida, bebida, uhuuuuuu!


Acho massa. Reconheço que causa em mim sentimentos ambíguos: uma animação total e sentimento de perda, medo sei lá de quê mas, me dá! Ao mesmo tempo fico ansiosa querendo que o ano chegue logo e que as coisas aconteçam e que eu passe a falar “porque no ano passado....”, o que normalmente só acontece depois do carnaval, porque aqui em Salvador todo mundo comemora Ano Novo igual, mas o ano só começa meeeesmo depois do carnaval, não tem jeito.


Esse Ano Novo será particularmente especial para mim. Começarei de verdade uma nova, grande e assustadora etapa da minha vida. Não, eu não estou grávida. Ou melhor, devo estar e agora vou ter que parir um filho que gestei durante cinco longos anos. Agora em janeiro será minha formatura, muito esperada não pela solenitude da coisa, mas porque passar cinco anos numa faculdade, se dedicando quase exclusivamente a ela, merece algum respeito.


Foi muito bom, adoro a profissão que escolhi, mas no meu curso o esquema é meio surtado, você se envolve demais, é denso... Enfim, todos esperamos por isso: meus pais, minha irmã, meu marido, meus amigos e principalmente eu. Ter o meu trabalho, ser reconhecida através disso com algo que me caracteriza, que caracteriza meu estar no mundo de alguma forma me deixa muito satisfeita. E nesse novo ano passarei, na prática, a viver a minha profissão. É massa e, ainda bem, não to com aquela ressaca de “ai, estou desempregada”, fico louca querendo logo esse famoso emprego, mas na sede de viver novas emoções, viver o rally que é essa vida de gado. Justamente porque gosto do que escolhi.


Vou sentir esse Ano Novo como nenhum outro (é sempre assim, aliás...) e tenho certeza que chorarei à meia noite, num misto de felicidade e tristeza como em todos os anos (sim, eu choro em todo santo Ano Novo). Mas fico com a (ótima) sensação de que curti mais esse 2007 do que outros anos e acho que é isso que vou levar para os próximos.



Resoluções para 2008? Essa parte a gente pula....