quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Os novos (velhos) ventos.




Blog é um negócio que exige um ritmo forte. Além da freqüência de postagem, você tem que ficar pensando sobre o que escrever, se isso vai interessar as pessoas. Claro, porque se não for pra alguém ler, sem ser você, existem outras alternativas: pense com os botões, converse com amigos quando o assunto surgir, sei lá.

Eu fiquei pensando esses dias e nem me veio nada. Quer dizer, pensei em muitas coisas, mas nada que eu quisesse que as outras pessoas ficassem sabendo. Mas hoje, Henrique me perguntou se eu tinha postado alguma coisa nova. Respondi que não. Respondi que não, como quem está sendo cobrado. Não sei se ele percebeu, mas me disse que eu poderia escrever sobre quando acontecem coisas diferentes na nossa vida. E foi o que eu precisava para me destampar.

Muitas coisas diferentes aconteceram na minha vida nos últimos meses. A maior delas talvez tenha sido a minha relação com a internet e com essa vida virtual. Tudo desencadeado pelo Clube da Noivas (quer quiser saber mais, é só procurar ali no cantinho esquerdo superior por um post com o mesmo nome). No Clube a gente se aproxima de longe. E é massa porque você não se sente na obrigação de se manifestar sobre todos os assuntos, nem para todas as pessoas. Eu, pelo menos, não me sinto. Tem tópicos que eu não sei nada sobre o que se fala, então fico ali, só aprendendo. Como diria minha mãe, quem fala pouco, erra pouco. E eu que já falei tanto, vou aos poucos calando meus cotovelos e abrindo meus ouvidos. Olha só, mais uma mudança.

Foi no Clube que uma vez, uma noiva – então esposa, mas ainda no Clube das Noivas – pedia dicas para a viagem para Salvador, comemoração de seus três meses de casamento. Em peso, todas as meninas do Clube pediram que eu me manifestasse. Escrevi um email com algumas dicas das coisas que mais gosto aqui em Salvador. Respeitando o fato de serem turistas e reconhecendo que, como guia, eu tinha obrigação de dar dicas turísticas, inclui programas que só faço quando tem alguém de fora por aqui.

Esse email não chegou pra Jully, mas eu não sabia. E muitos outros não chegariam. Tive que pedir socorro ao Clube, porque estava preocupada com a possibilidade dela estar me achando uma mal educada má. Depois das manifestações para eu mandar o email para outro email – que eu não tinha, mas logo me foi fornecido – e de Musa – outra noiva do Clube e sim o nome dela é Musa – encaminhar meu email pra Jully, finalmente chagaram todos e demos inicio a uma troca frenética de informações – Jully e eu. Até a voltagem de Salvador foi perguntada e devidamente respondida.

Na sexta, nos falamos pela primeira vez. Engraçado demais ouvir o sotaque carioca, com todos os seus remelexos. Eu adoro o sotaque dos cariocas! Combinamos de ir pro Solar do Unhão ver o jazz com amigos velhos daqui de Salvador.

Nos conhecemos “ao vivo”, Henrique e eu, Jully e Ivan. E já fomos conversando sobre casamento, festa de casamento, vida em Salvador versus vida no Rio, pôr do sol, separação, mergulho, rock, axé, carnaval, pimenta malagueta, cidade com praia, cidade sem praia, sol, calor, chuva, mormaço. Terminamos a noite no Pelourinho vendo o show da Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta (banda muito massa daqui). No domingo, fomos ver o jogo do Brasil, comemos acarajé na Dinha – porque o da Regina já tinha fechado – cocada puxa preta, falamos sobre cachorros (muito!) e sobre o amor por eles (mais ainda!), Aruba, muito dinheiro, pouco dinheiro, trabalho.

Henrique comentou com surpresa, quando voltávamos para casa depois da despedida do domingo, que ainda se pode conhecer pessoas legais pela internet. Corrigi, dizendo: “pela ‘internet’ não, pelo Clube das Noivas, um lugar ultra selecionado, meu filho”. Ele riu e continuamos conversando como foi legal o nosso feriado com amigos novos e velhos, lugares velhos com ares novos.

A novidade é sempre um risco, pode colar e fazer sucesso. Pode colar, fazer sucesso e continuar fazendo. Pode não colar nunca. Mas novidade é bom. Novidade mesmo, daquelas de verdade que nos faz pensar, que nos deixa surpreso. Pode até ser uma coisa velha, mas que de repente, muda de lugar e vira novidade.

Esse fim de semana foi assim. Lugares que vamos tanto, mas que nos pareceram diferentes. Pessoas novas que nos parecem amigos de todo dia. E a sensação sempre boa, seja velha ou nova, de que ventos revigorantes sempre virão. Às vezes, por uma janela do Windows.

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