quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Thelma e Louise



Eu queria hoje dedicar o quintal aqui da Dona Florinda à uma amiga.


Espero que todas as outras pessoas incríveis da minha vida não se amotinem contra mim. Não é uma questão de preferência, entendam. É que tá fresco o que aconteceu e acho que ela merece isso.


Eu e Dani nos conhecemos na faculdade, no segundo mês de aula, já que eu entrei atrasada por motivos vários. Nem me lembro direito quando foi que a gente conversou a primeira vez, porque a sensação que eu tenho hoje é que nascemos conversando. E a gente conversa muito, acreditem, como umas loucas. E os assuntos vão se conectando, uma coisa puxa a outra e numa dança frenética as fofocas vão pulando em cima da gente. Fofoca geral, fofoca nossa, lamúrias, piadas, notícias. Nunca falta assunto, impressionante.


Lembro vagamente que num determinado período da faculdade (que, justamente porque a memória é vaga, eu não sei qual foi) nos afastamos um pouco, mas também não me lembro porque motivo. Sei que não foi briga. Aliás, nunca brigamos. (pausa) Mentira. Eu já briguei com ela, mas ela nunca brigou comigo. Que bom. Porque ela é muito mais malvada do que eu e com certeza me estraçalharia. Enquanto isso não acontece, a gente, juntas, vai estraçalhando os outros...


Temos muitas coisas em comum. O humor ácido, o mau humor, não gostamos de praia e gostamos de frio, adoramos cachorros (pequeno, grande, os bonzinhos, os malucos também, mas principalmente os de rua: a gente ta andando e pára o tempo todo para falar com os cachorros. É legal!) adoramos comer muito (a diferença é que eu engordo e ela não, safada.), nós sempre gostamos das comidas que ela faz (ela cozinha muuuito bem), a profissão (lógico), maquiagem (no dia da foto para o convite de formatura, estávamos de bobs na cabeça, em pleno posto de gasolina, terminando de maquiar as bochechas. Sim, fizemos o maior sucesso! Principalmente na hora de botar o laquê.), xingamos muito o tempo todo e muitas coisas mais que eu passaria o texto inteiro desfiando, porque são milhões mesmo, acreditem.


Quando as coisas acontecem, boas ou más, sempre ficamos sabendo, em primeira segunda ou, no máximo, em terceira mão. Claro, porque às vezes não dá pra falar primeiro e temos que falar com alguém, pombas!


Nessa semana e na próxima estamos loucas, arrancando todos os nossos cabelos porque estamos às vésperas de entregar nosso TCC (Tortur.. ops... Trabalho de Conclusão de Curso). Ontem ela me ligou, reclamando que eu não ligo, que eu não dou notícia, que ela fica preocupada querendo saber como é que eu tô e eu nem aí. Respondi que eu não tava ligando pra ninguém mesmo, porque eu tô meio reclusa, tentando terminar a joça do TCC. Pra quê... Ela “Como assim, você não liga pra NINGUÉM? Eu sou NINGUÉM por caso? Muito bonito você ME botando na mesma categorias que TODAS as OUTRAS pessoas!! ... Mas, como você está Zeza?”


É, é assim mesmo.


Resultado, comecei a chorar dizendo que eu estava péssima, que não tinha mais uma gota na minha fonte produtora de TCC e que ainda faltam 3 capítulos e que eu tô confusa porque mudou um monte de coisa e eu vou ter que refazer e que a minha vizinha adolescente fica ouvindo Rebeldes nas alturas o dia inteiro e eu não consigo produzir ouvindo Rebeldes...


Tive um ataque histérico.


Aí Dani, engraçadíssima, me disse “Olha que sorte a sua, Zeza, eu estou renovando há semanas os mesmos livros na biblioteca e um deles é metodologia de pesquisa de Fulano De Tal (não lembro agora) e como você é mais do que sortuda amanhã de noite (hoje, no caso) eu não tenho nada pra fazer, então me espere aí na sua casa com uma comidinha, óbvio, que nós vamos desencalhar esse trabalho!”


Eu respirei fundo, agradeci das profundezas do meu coração, e continuamos nossa conversa que durou mais de uma hora (eu ligo de graça de fixo pra fixo local! Minhas amigas amam... :D).


Esqueci de comentar que outra coisa em comum é que somos muito espertonas e inteligentes. Pra quase tudo, mas principalmente, a gente tem todas as manhas de fazer trabalhos de faculdade, é massa.


Uma das coisas mais divertidas da vida acadêmica dos meus últimos anos é fazer trabalhos com Dani. Primeiro que ela não se estressa. Segundo que a gente dava altas risadas, desfocava total e na véspera ficávamos loucas no quarto azul dela (o que contribuía para o aparecimento de um sono repentino e incontrolável às vezes, mas que era rapidamente combatido com latinhas de Red Bull) até 11 da noite. E tirávamos ótimas notas! Ninguém acreditava. E choviam invejosos...


Em São Paulo, quando fomos a um congresso, rodamos horrores e quase fomos linchadas na 25 de março porque ela reclamava o tempo todo com os camelôs dos preços. E eu lá, me escondendo atrás da bolsa do congresso, fingindo que nem conhecia a louca. E na Liberdade? Compramos tudo pela frente e passamos uns 4 meses pagando nossas dívidas dos cartões de crédito. Muito bom!!!


Passamos por situações difíceis também. Problemas de saúde, pés na bunda, reprovações na faculdade, namorados e maridos sem noção, pais e mães sem noção. E é impressionante como passamos mais rápido por essas coisas quando temos alguém do nosso lado que nos transmite segurança e aconchego. Porque quando dizemos uma para outra “eu sei o que é isso, amigona” é porque a gente sabe mesmo. E quando a gente não sabe, rola um “poxa, que merda... mas vamos sair dessa”.


Pois bem, Dun Dun (eu a chamo assim, quando não, chamo de Feiosa – mas ela é linda), com você do meu lado – e seja aqui, em Pernambuco, Santa Catarina ou Brasília – eu sinto que posso tudo. Com você eu tenho tudo. Nossa relação ultrapassa e muito a categoria amizade. Ou melhor, pensei agora, talvez essa seja a categoria, mas ninguém sabe. Ou pelo menos, muita gente que não tem uma Dun pra si. E duvido que essas pessoas sejam tão felizes e espertonas como eu. Você me faz querer sempre estar do seu lado, comer muito, xingar muito, fazer todas as coisas que amamos e sentir que podemos fazer qualquer outra coisa mais.


Bem, ainda não conseguimos prever terremotos. Mas bota um sismógrafo e o Google na nossa mão, pra vocês verem só...


Te amo, Dun.


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