quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Sobre a escolha do objeto amoroso e/ou a permanência dele como tal.


Andei pensando muito sobre o que tem me encucado ultimamente. E sem dúvidas, a escolha do objeto amoroso é um tema que ronda a minha mente nas últimas semanas. Porque a gente escolhe esse e não aquele? O que é que aquele teve, mas que deixou de ter, para fazer com que quiséssemos o de lá? São perguntas que eu achava que sabia responder, até parar de verdade para escrever isso aqui.

Deve ser por isso que a escrita é a função humana com o mais alto grau de elaboração. Imagine: você pensa uma coisa, aí tem que transformar essa coisa num código (a escrita) que, juntando os caracteres (as letras) vai transformar o que você pensou numa coisa real (ou perto disso...); aí a pessoa que está lá do outro lado, vai decodificar essa bagunça toda, com o objetivo de compreender o que você pensa, ou estava pensando dentro da sua cabeçona sem que você precise falar. Ééééé, queridos... isso aí, exatamente isso que vocês que me lêem estão fazendo agora. =D


Finalizando o momento reflexão/dispersão volto a escolha do objeto amoroso, que é tão ou mais complicada do que escrever pra alguém ler e compreender.

Eu sempre fico curiosa quando vejo alguns casais amigos, porque de longe, assim meio de perto, eu nunca acharia que duas criaturas tão diferentes poderiam conviver (leia-se namorar, brigar, amar, dormir e acordar junto...) com algum nível de salubridade. É estranho pra mim, assim como deve ser para outras pessoas me verem ao lado de Henrique, imagino eu. Dizem que somos parecidos fisicamente e que estamos cada vez mais parecidos no jeito, no temperamento – isso deve querer dizer que eu estou melhorando e Henrique, coitado, piorando. Mas mesmo assim, não saberia dizer o que nos faz ficar juntos, ou melhor continuar juntos. Muitas coisas, óbvio, como ele ser uma pessoa engraçadíssima e me fazer rir o tempo todo; eu ser o líder do planejamento financeiro do lar; ele saber cozinhar divinamente; termos uma cumplicidade incrível, o que não exclui as brigas; e outras coisas mais que prefiro não comentar.
Mais do que tudo isso, acho que o que faz com que fiquemos juntos é a disposição para isso. Quando um dos dois fica indisposto, ainda que temporariamente, para o relacionamento, há de se parar para pensar. Porque esse temporariamente pode virar permanentemente num piscar de olhos. Aí acaba e os dois, ou um deles, não sabe nem por que. Conheço diversas pessoas que estavam com alguém, que era super legal, dava atenção, rolava uma diversão, um tesão básico, o alguém era exatamente o que qualquer outra criatura gostaria de ter, mãaaaaasssssss... acabou. É isso. O que falta? Ou o que sobra, em alguns casos? Vai saber... Uma coisa que acho imprescindível para o casamento (quando eu digo casamento, não falo de casamento civil ou religioso, mas o Encontro – com letra maiúscula - entre duas pessoas) dar certo é você saber o que o outro quer e fazer também com que ele saiba o que você quer. E se dá para as expectativas se completarem, digamos assim.

Não há nada pior do que você fazer uma coisa pensando que é exatamente o que ele/ela mais queria na face da Terra e quando a coisa é feita, a criatura fica lá, com uma cara de quem não entendeu o porquê dessa escolha. Isso é o fim e já aconteceu comigo. Daí para uma briga, é meio pulo. Dizer o que você quer do outro e também o que pode fazer pelo outro, pode ajudar as expectativas serem realistas, diminuindo a probabilidade de decepção. Não é fácil fazer isso, até porque expectativa, pura e simplesmente, está longe de ser algo racional, está pautado no desejo, no sonho, na vontade mais íntima.

Mas é aí que chego num ponto polêmico – até pra mim. Não basta o amor, a paixão, o desejo louco e desenfreado (não basta, eu sei e sei que todo mundo, em tese, sabe também, mas parece que não): é preciso racionalizar, planejar mesmo, como fazemos com a compra do mês, com nosso extrato do banco. Sim, parece feio se falar em racionalizar o amor, mas não é isso. O dia-a-dia nos engole, a famosa rotina desgasta o laço de fita vermelha que nos envolve, as expectativas irreais decepcionam – e se não há um jeito de controlar todas essas coisas racionais, que tempo sobra para o amor, para a paixão, para o desejo louco e desenfreado? Ahá ! Não sobra.

Acredito nisso, porque aprendi isso. Comigo (conosco) funciona, por enquanto. É legal bater o olho em alguém e sentir o coração bater mais forte, achar o cara bonito, atraente, charmoso, seja lá o que for. A escolha imediata funciona assim, no primitivo, baseada naquilo que é visto de cara. E isso vai acontecer sempre, estando você comprometida (o) ou não e ponto final. Mas a permanência dele como o escolhido vai depender de outras coisas, que estão longe de serem primitivas. Passamos automaticamente do uga-buga para o vamos conversar? E é ai que o bicho pega e que você tem que entender e se fazer entender. O outro tem que decodificar o seu código maluco e você também tem que decodificar o dele, com um mínimo de aproveitamento, senão vira Torre Babel e aí, babau (com o perdão do trocadilho).

Mas quer saber, pra mim, essa é a diversão do Encontro. Porque eu, veja bem, EU não vejo a menor graça nessa coisa igual de mesma língua. Acho que um tem que apresentar para o outro sempre coisas novas, que nem sempre serão aceitas claro, mas é isso mesmo. É... acho que terminei escrevendo não sobre a escolha do objeto amoroso, mas o que faz ele permanecer como tal. Mas tá valendo também.

O negócio é disponibilizar novidades e se dispor a aprender a língua do outro, o que pode ser beeeeeem divertido...

Um comentário:

emmibi disse...

concordo.
pra mim casamento é uma negociação contínua.
e os conflitos são bem vindos, e que estejamos sempre dispostos a resolvê-los.