quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Ser uma noiva casada



Não eu não sou uma noiva.

Na verdade, eu já sou casada há quase três anos. E ser casado é ótimo. Não sempre ótimo, ca-la-ro. Mas muito ótimo na maior parte das vezes. Decidimos casar em janeiro de 2005 e o fizemos em abril do mesmo ano. Eu quase enloqueci minha mãe, meu pai e todo mundo. Eu quase me enlouqueci. Só Henrique que tava beleza, porque ele é Jó. Sim, esse mesmo, o Jó da paciência. Aliás, se ele não fosse assim, desconfio que nem teríamos casado. Ou se tivéssemos, não permaneceríamos. Enfim.

Não fizemos festa de casamento. Nem o oficializamos numa cerimônia religiosa ou civil. Tivemos um chá de cozinha planejado, organizado e promovido por minhas amigas queridas e minha mãe. Que foi ótimo porque ganhamos todos os apetrechos necessários para o (bom) funcionamento de uma casa. Tirando o primeiro mercado, só compramos uma peneira e um funil. O que fez do nosso casamento existisse, além do chá de cozinha, dos presentes e ajuda de nossos pais (incrédulos, porém solidários) foi o dia-a-dia mesmo. E não foi tãããão fácil. Mas também não foi tãããão difícil. Mas isso é conversa para um outro post.

Não tivemos nossa festa de casamento por dois motivos, um óbvio e outro mais subjetivo e menos óbvio. O primeiro motivo é dinheiro, óbvio. Quando casamos não tínhamos coisas básicas como telefone (e, consequentemente, internet), faxineira, tv a cabo (ainda não temos). Pagávamos as contas do mês. E só. Mas tava beleza. Jamais poderíamos bancar uma festa de casamento, nem que a vaca continuasse sem tussir. O segundo motivo, menos óbvio, é que a maioria das mulheres quer ter uma festa de casamento. E eu faço parte dessa maioria com um plus: festa de casamento pra mim é A festa. Sempre gostei de festas, mas nada com muita pompa. 15 anos básico, em casa mesmo, a formatura será só a colação de grau sem festa, essas coisas. Mas casamento, não. Quando eu era pequena eu brincava de colocar uma fronha na cabeça (ninguém ria!) e me imaginava entrando, triunfal. Toda prosa... Mal sabia eu que meu futuro marido teria outros planos para nós.

Henrique acha uma festa de casamento um gasto desnecessário – pra não fugir do estereótipo masculino – mas, a lógica dele é que faz muito mais sentido um casal comemorar um casamento que já existe, do que um que nem existe ainda. Foi a primeira vez que eu ouvi isso também. Ele até reconhece toda a coisa do ritual de passagem, mas não acha isso legal pra ele, no caso, pra gente. Como a gente não tinha dinheiro mesmo e eu nunca faria uma festa de casamento fuleira, sem todas aquelas coisas afrescalhadas, achei boa a idéia. Na verdade, foi muito bom. Acho que tem muito mais a ver com a gente, com a nossa história.

Começamos a pensar sobre isso e achamos que estava chegando a hora. Não que tenhamos dinheiro hoje, mas nada como ser a filha caçula. Vamo combinar que Henrique é um genro ótimo, o que ajuda... Ajuda não, praticamente define as coisas. Pra que essa hora não passasse, consultei logo minha mãe. Ela gostou da idéia, mais pela farra de organizar tudo. Minha mãe consultou meu pai, que também topou. A gente entra com a cara e eles com a coragem.

Pois é. Vamos casar. De novo. Pela primeira vez, dependendo da perspectiva.

Então eu sou uma noiva sim. Uhúúúúúúúú!!

E vou ser daquelas bem afrescalhadas....


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